29 de dez. de 2015

Scream Queens - A Melhor Sátira de 2015


Quando falamos de sátiras, falamos de ter que estudar um pouco mais sobre as críticas que elas fazem. Eu demorei para escrever esse texto, porque eu precisei de ter um tempo de observação mais profunda sobre as críticas para perceber o quão certas ou erradas elas estavam. Para mim, nessas pesquisas que fiz, a série só cresceu ainda mais, comecei a ver o quão construtiva ela é para a sociedade de hoje.

A série Scream Queens nos traz paródias de filmes de terror e críticas sociais. Os dois primeiros episódios já mostra para o que a série veio, ele é cheio de piadas politicamente incorretas e, até, polêmicas, você não será poupado de racismo, homofobia, machismo nessa série. A série nos dá um tapa na cara, na cena em que a garota tem um filho e suas amigas preferem dançar do que socorrê-la, o que faz com que ela acabe morrendo. No começo, nós não sabemos se gostamos ou odiamos, mas o Ryan Murphy, genialmente, criou um outro mundo. Um mundo louco. Um mundo onde as pessoas são o que são. Um mundo sem máscaras. Me fale se você não queria ser qualquer uma das personagens de Scream Queens? Sinceramente? Todo mundo queria ser, mas não é, pois ser elas ou eles não é socialmente aceito.


Dentre os filmes escolhidos pela série nessa temporada estão "Massacre da Serra Elétrica", "O Iluminado", "Mean Girls", "Sexta-feira 13", além, também, de referências à cena Pop (vemos eles fazerem citações com nomes de diretores cults e, até, da série Game Of Thrones). Uma das paródias que eu mais gostei foi a paródia que fizeram de "Orange Is The New Black", não imaginava uma série da televisão à cabo homenageando uma produção do Netflix, então achei simplesmente sensacional.


Sobre as críticas sociais, achei elas relevantes e vou me aprofundar um pouco mais abaixo, baseado nas pesquisas que fiz:

(CONTÉM SPOILERS, SE NÃO GOSTA, ASSISTA A SÉRIE ANTES DE LER)

A série nos apresenta "femistas", mulheres que não são feministas, apesar de dizerem ser. Elas não oprimem apenas os homens, mas oprimem também as garotas da série. Quem não é loira, rica e bonita, não é certa para a "sororidade" Kappa Kappa Tau. Porém, devido aos acontecimentos bizarros (racismo, homofobia, zoofilia) anteriores ao tempo da série, a diretora da faculdade decide fazer com que a Kappa Kappa Tau aceite obrigatoriamente qualquer garota que queira entrar. Isso é um pesadelo para as garotas originais da KKT, pois elas não mais vão poder se rodear de pessoas loiras, ricas e bonitas.

Então conhecemos os machistas da série, bem diferentes do que na realidade, porém igualmente escrotos, se comparados com as garotas da KKT. Eles fazem parte de outra irmandade, que é a irmandade de golf "Dickie Dollar Scholars" (DDS). Dentre eles, temos o Nick Jonas, que interpreta um "gay assediador" (olha a piadinha homofóbica aí, rs') na série. Ele é amigo do líder dessa irmandade, sendo que esse líder, o Chad Radwell, é um necrófilo de gostos duvidosos por cadáveres e, também, ególatra e babaca.


Também quero aproveitar para citar que temos uma personagem racista e ela é negra. Trata-se da policial Denise Hemphill. Ela ficará a série inteira tentando prender  e acusando uma das garotas, pois a garota é a primeira negra a entrar na Kappa Kappa Tau. Essa perseguição vai até o último episódio.

Logo a série fica divertida, há um assassino em série matando as garotas e os garotos dessas duas irmandades! Ficamos felizes com todas e cada morte. Afinal, "eles eram escrotos, eles merecem" ou será que não?!


Dentre diversas críticas sociais, com a série sempre nos apresentando os extremos do comportamento humano (como a cena da Chanel #2, onde ela prefere postar no Twitter que está sendo assassinada do que pedir socorro ou a cena em que os garotos da irmandade DDS estão sendo perseguidos pelo assassino, mas preferem brigar sobre quem vai ficar com uma das garotas), vemos então o quão ridículo a sociedade realmente está. É através do extremo, do exagero, que tomamos, de certa forma, consciência sobre os nossos comportamentos e pensamentos pessoais e internalizados.

Outra crítica que achei relevante, é que nos primeiros episódios, a diretora tenta a todo custo dizer que a Universidade não tem culpa dos acontecimentos "porque tudo está acontecendo fora da universidade", vejamos se não é exatamente isso que está acontecendo na USP e em tantas outras universidades com os casos de trotes, homofobia, racismo e estupros?! Eles dizem que não têm culpa, afinal, aconteceu "fora da universidade", mesmo apesar de, claramente, eles terem responsabilidade sobre tais acontecimentos, mesmo que através da omissão.


A série tem um final excepcional, das poucas séries que se segurou até o fim, nos fazendo rir no caminho. Com pelo menos 1 morte por episódio e paródias de diversos filmes de terror, a série acaba nos apresentando o final merecido para todas as tais "femistas" (elas acabam em um hospício) e para os machistas (todos morrem nas mãos do assassino).

Além de nos fazer refletir sobre a sociedade e abrir novas discussões sobre o feminismo, a série com certeza é a melhor sátira de 2015.

15 de jun. de 2015

O novo Poltergeist é bem coxinha

Ontem eu fui assistir a nova versão do Poltergeist com meus amigos. É um ótimo filme, mas eu achei bem coxinha. O diretor decidiu seguir os padrões dos filmes recentes, usou (d)efeitos especiais demais e não explorou e temática, que me é tão boa, da versão original.


Lógico que quando se fala de Poltergeist, nunca se esquecem da "Maldição Poltergeist", isso por que em uma das cenas do filme original usaram cadáveres reais e muitos atores que participaram da versão original acabaram morrendo de causas misteriosas. Eu espero que isso não aconteça novamente, porém vale lembrar os motivos de tanto se falar desse filme.

A nova versão começa com a mesma história, uma família se muda para uma casa e essa casa será perturbada pelo tal "fenômeno Poltergeist", tudo parece bom no começo, porém o filme tem vários tropeços e não convence.

No original, fica bem claro que os espíritos estão destruindo o sonho americano. É um cemitério indígena que há abaixo da propriedade e os índios estão se vingando de quem destruiu, não apenas quem destruiu o cemitério, mas as pessoas que destruíram toda a cultura indígena, mataram índios, tomaram suas terras. O Poltergeist é uma espécie de organismo vivo, por mais que seja formado de vários espíritos, é como se a casa tivesse vida por si só. Isso se perdeu totalmente na nova versão.

Das cenas que valem dizer que ficaram boas nessa nova versão está a cena quando o drone entra dentro do armário, no original não vemos o que há dentro do armário em momento algum. Isso com certeza se deu através de influências daqueles filmes que acontecem em primeira-pessoa, que só surgiu pouco tempo depois da versão original com o clássico "Bruxa de Blair" e, claro, o mais famoso e recente "Atividade Paranormal".

O filme que é criado pelo mesmo diretor do remake de "A Morte do Demônio" (que aliás, sim, é um ótimo filme) deixa bastante a desejar. Em momento nenhum fica claro que os espíritos da casa se alimentam do medo, eles encontram uma solução fácil para destruir os espíritos, que sim, são destruídos. Na versão original isso não acontece, a família foge da casa enquanto a casa está caindo aos pedaços. Os espíritos não vão pro céu.

Essa nova versão deixou muitas lacunas se relacionarmos com o original. Eles perderam muitas boas cenas, por exemplo: é sério que eles acharam que amontoar livros assustaria mais que a cena das cadeiras do original? A cena das cadeiras até hoje me assusta e olha que o original é bem antigo. Outra cena que senti falta, definitivamente foi a cena da piscina, era uma cena que dava muito desespero da mulher nadando na piscina enquanto os corpos iam aparecendo na água suja, a água suja com cadáveres foi preservada em 2 cenas dessa nova versão, mas o medo provocado na versão original não permaneceu nessas novas cenas.

Quando falo que o novo Poltergeist é coxinha, estou falando até de cenas mais básicas. Na cena onde todos da casa estão sofrendo fenômenos paranormais ao mesmo tempo, eu lembro que, na versão original, a mãe está rolando e voando pelo teto da casa, enquanto a garota está sendo sugada para o armário, por que não mantiveram essa cena? Além disso, na versão original, os pais estão fumando maconha e não bebendo álcool quando o filho entra no quarto pra falar que está com medo, será que num momento tão importante quanto o atual sobre a legalização das drogas, tirar essa cena do filme foi uma boa opção? Será que o diretor acha que pais de família não podem fumar maconha? Não sei.

Por fim, o novo Poltergeist é coxinha porque decidiu seguir muitos filmes recentes de terror, porém apagou a temática, apagou a coragem do Spielberg e apagou quase toda a energia do original. Poderia ser um ótimo filme, se tivesse outro nome, mas como Poltergeist, eu esperava bem, bem mais.

18 de fev. de 2015

10 motivos para odiar "50 Tons de Cinza"



10 motivos pra odiar "50 Tons de Cinza":

1 - O filme é machista e babaca e incentiva violência doméstica.

Bem, o filme foi escrito por uma mulher e foi dirigido por uma mulher. Se uma mulher gosta de sadomasoquismo e aceita isso, isso não se enquadra em violência doméstica. Não podemos ditar quais são os desejos sexuais das pessoas.

2 - O filme só tem sexo.

Não, na verdade ele até tem uma história boa. Conta a história de um cara que foi estuprado quando criança e se tornou uma pessoa bem-sucedida, porém perversa e sádica. Devido aos traumas que sofreu durante a vida, ele, que não sabe o que é amor, que não sabe o que são relacionamentos ou que vive numa descrença de seus próprios sentimentos, desconta sua raiva batendo em mulheres. Porém, ele se apaixona por Anastasia que começa a tirar ele dessa realidade idealizada que ele construiu em torno de si para afastar as pessoas dele. Outra coisa, o filme tem 2 horas de duração e apenas 20 minutos de cenas de sexo, então, não, o filme não é um pornô. Na verdade, pra quem assistiu filmes melhores como Ninfomaníaca ou o clássico The Dreamers, chega até a ser uma piada dizer que 50 Tons de Cinza "só tem sexo".

3 - Eu não curto sadomasoquismo.

Ah, que bom, pois o filme também não tem nada disso! Ele conta uma história fictícia que foi escrita por uma pessoa que nem sabe o que é sadomasoquismo. Nessa história, que foi escrita em forma de fanfic de Crepúsculo, a pessoa, que é uma mulher, apenas decidiu expressar seus desejos sexuais e vontades através dos personagens. 50 Tons está para sadomasoquismo tanto quanto Peppa Pig está para filme de terror.

4 - O filme não tem conteúdo.

Na verdade tem muitas coisas no mundo que não tem conteúdo e já que citou, qual a diferença em se perder 2 horas assistindo ao filme e perder 2 horas vendo uma luta do Anderson Silva? Nenhuma. O filme está lá para entretenimento, assim como lutas, assim como o futebol, assim como tantas outras coisas que não tem conteúdo e que ninguém fala nada sobre, é tudo questão de gosto. Se você não gosta, problema seu! Falar mal, pelo menos até agora, ainda não fez o filme perder público. Pelo contrário, ele bateu o recorde de Matrix de filme mais assistido mundialmente na primeira semana de estreia.

5 - O filme é fútil.

Através de diversos aspectos, não, não é. Dá para se abrir diversas discussões com o conteúdo do filme. Dá para se falar sobre a decadência daqueles que são ricos. Dá para se falar sobre problemas psicológicos. Dá para se falar sobre abuso e violência doméstica, como já se têm feito à exaustão por aqueles que odeiam o filme.

6 - O filme só traz influências negativas.

Muitos casais já têm dito que suas vidas sexuais melhoraram por causa do livro e do filme, se as pessoas estão mais felizes, por que tem gente dizendo que o filme só traz influências negativas? Ninguém é dono da felicidade alheia e por final, vale lembrar que o filme é uma obra de ficção. Se uma pessoa não é adulta o suficiente pra saber separar ficção de realidade, ela deveria procurar um psicólogo, pois eu tenho certeza que o Christian Grey não vai procurar, até porque, no mundo real, ele não existe.

7 - É um filme de jovens virgens ou pessoas que não fazem sexo.

Na verdade, as pessoas que mais estão assistindo ao filme e lendo ao livro são mulheres casadas, na faixa de seus 30 anos e com vida sexual ativa. Os fatos estão aí, não há porque acreditar no senso comum. Além do fato de que, nos EUA, o filme é só para maiores de 18 anos, no Brasil, maiores de 16 anos, então, não, crianças e jovens não vão poder assistir. Pelo menos, não no cinema...

8 - Incentiva as pessoas a gostarem de apanhar.

Quem gosta de sadomasoquismo, vai continuar gostando independente do filme, quem não gosta, vai continuar não gostando. Não há razão para acreditar que um filme vai fazer uma pessoa se excitar por algo que nunca a deixou excitada antes. Fetiches existem e esse é um dos primeiros filmes "mainstream" que fala abertamente sobre eles, porém não o primeiro. Temos centenas de outros antigos como De Olhos Bem Fechados, Pink Flamingos, 120 dias de Sodoma, Invasão de Privacidade, Sozinho Contra Todos, Último Tango em Paris, Secretária, Beleza Adormecida (e a lista segue) e eu não vejo ninguém comendo bosta só porque assistiu 120 dias de Sodoma.

9 - O pastor disse que o filme é do diabo.

Jesus te ama, mas não te come. Eu acho que se existe diabo ou deus, eles estão preocupados com outras coisas e não com sua vida sexual ou com os filmes que você assiste ou deixa de assistir.

10 - O filme é ruim.

Quem define se o filme é bom ou ruim? Você? Eu? Bom, como isso é muito subjetivo de cada pessoa e seus gostos, eu acho que isso não é um real motivo para odiar 50 tons. A começar, a trilha sonora do filme é impecável, temos de Beyoncé a The Rolling Stones. Depois temos a fotografia, fala sério, é tudo perfeitamente encaixado, pincelado, é tudo bonito no filme. As pinceladas em tons sombrios é o que dá o ar para o filme, cada cenário perfeitamente montado, o "quarto de jogos" lindo do Christian Grey e aquele piano com aquela janela panorâmica, acho que nem a escritora imaginou algo tão utópico quanto tudo o que vemos no filme... E a atuação? Para uma história que realmente não é das melhores, os atores deram o melhor de si. Você realmente está vendo Anastasia e Christian na tela e não Dakota Johnson e Jamie Dornan e isso é sensacional!

Agora se você ainda odeia o filme, mesmo depois desses 10 motivos, vamos lá comigo assistir? :P